sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Atari 2600 - Keystone Kapers (1983)





Atari 2600 - Keystone Kapers (1983)

Estilo:
Plataforma 2D
Plataforma principal: Atari 2600 (Atari VCS)
Empresa: Activision
Programado por: Garry Kitchen

A história da Activision por si só é um dos capítulos mais importantes de toda a história dos videogames e será tema recorrente deste blog. A empresa que hoje é uma gigante global, publicando e financiando séries como Call of Duty e Guitar Hero mudou muito desde sua origem em 1979.

Não que seu passado não tenha sido de sucesso. A Activision foi fundada por quatro lendários programadores (David Crane, Larry Kaplan, Alan Miller e Bob Whitehead
) e pelo executivo Jim Levy, principalmente porque a Atari não dava o merecido crédito aos seus programadores, que mal eram reconhecidos. Tornando-se a primeira empresa independente (Third Party) a lançar jogos para os consoles, algo altamente inovador para a época, a Activision se configuraria entre as empresas de maior crescimento da história dos EUA. Clássicos imortais como River Raid, Pitfall!, Freeway, Kaboom! entre outros, causaram um fantástico impulso para o Atari 2600.

Garry Kitchen, um dos programadores que logo se juntariam à equipe, faria um grande game partindo de uma ideia bem surreal e baseada em algumas comédias mudas antigas de polícia e ladrão. Em Keystone Kapers você controla um policial chamado Keystone Kelly, vestido no estilo da Scotland Yard, que deve percorrer uma loja de variedades para capturar o assaltante Harry Hooligan, evitando que ele escape pelo terraço do estabelecimento! Obstáculos como carrinhos de compra, uma super bola voadora e aviões de brinquedo buscam atrasar o nosso policial, que de vez em quando pega um atalho no elevador ao invés de ir pelas escadas rolantes.

É um jogo clássico no estilo Arcade, onde o objetivo é fazer o maior número de pontos. De grande sacada é o mapa que fica na parte inferior da tela mostrando onde está o ladrão e o elevador. Não há final e a dificuldade vai aumentando progressivamente até ficar praticamente impossível. A Activision oferecia um emblemazinho do oficial Kelly se o jogador fizesse mais de 35.000 pontos.

Eu tinha a versão original do Colecovision que vinha com um jornal cheio de notícias como manual, muito bem elaborado. Mas apesar de ter saído em plataformas mais poderosas como o próprio Colecovision, Atari 5200 e MSX, a versão do Atari 2600 continuou sendo a melhor.

Como a maioria dos programadores do período, Kitchen fez uma coleção de grandes jogos, com destaque para a adaptação de Donkey Kong para o Atari 2600 em 1982, Pressure Cooker (1983), que é um dos meus favoritos, o conceituado Gamemaker (1985), uma das primeiras ferramentas de criação de jogos voltada ao principiante e a obra que é na minha opinião o melhor jogo dos Simpsons até hoje, o dificílimo e hilariante Bart vs. the Space Mutants (1991) que brilhou no Nintendo NES.

A Activision de hoje não é mais aquele pequeno círculo de programadores especiais, ainda mais porque os tempos são outros e a indústria dos videogames agora movimenta fortunas quase que incalculáveis. Um programa de maior porte para ser criado precisa de centenas de pessoas envolvidas. Após inclusive chegar a declarar falência, a empresa se reestrutura na década de 1990, mas seu nome ainda lembra uma época mágica onde pular um carrinho de compra e pegar o elevador na hora certa era diversão garantida.

Pros:
- O controle do policial é perfeito, se você errar a culpa é sua.
- Gráficos vibrantes (um dos melhores do antigo Atari) e um mapa que mostra o que ocorre na tela, o que poucos jogos, como Defender, tinham.
- Uma ideia um pouco incomum para um jogo e que funciona.

Contras:
- Possui a desvantagem da maioria dos jogos da época e do estilo Arcade, ou seja, chega um certo ponto que você acaba enjoando, já que é repetitivo e não tem fim, além de se tornar dificílimo.

Rating: 8/10

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Amiga - Shadow of the Beast (1989)



Amiga - Shadow of the Beast (1989)


Estilo: Plataforma 2D

Plataforma principal: Commodore Amiga

Empresa: Psygnosis

Programado por: Reflections Interactive (Martin Edmondson e Paul Howarth)

Música: David Whittaker


O Commodore Amiga foi um dos poucos computadores que eu só tive contato bem depois do seu lançamento. Sendo um sistema de 16 bits, as possibilidades gráficas dele eram bem superiores das do Commodore 64, do Master System e do Nes e isso me causava certa inveja (no bom sentido). Mas como já tinha um Atari ST e logo depois teria um Mega Drive, a vontade de ter o Amiga sempre foi controlada.


Porém, principalmente após 1989, o Amiga começaria a lançar clássicos atrás de clássicos, e Shadow of the Beast foi um dos primeiros jogos a realmente mostrar o quanto poderoso este computador era. Os gráficos, além de muito bem desenhados, eram acompanhados de 13 camadas de Parallax, ou seja, camadas independentes que se moviam em velocidades diferentes, dando uma intensa noção de profundidade, separando o fundo da tela (background) de sua frente (foreground). Realmente até hoje esse efeito, quando bem realizado, causa certo encantamento. Paul Howarth na verdade tinha feito uma demonstração gráfica, sem personagens, só para testar a capacidade do Amiga. Quando os executivos da Psygnosis viram o programa, caíram para trás espantados com a qualidade e desesperadamente pediram que ele transformasse o demo gráfico em um jogo.


A história do game é de vingança genérica, mas de certa forma interessante. Uma criança chamada Aarbron foi raptada e transformada em um monstro (beast) através de magia negra para servir o poderoso Lord Maletoth. Sua memória retorna ao ver o pai ser assassinado, o que o motiva para uma jornada de vingança.


O jogo foi portado para inúmeros outros consoles e computadores, inclusive para o Sega Master System, Super Nintendo, Commodore 64 e Mega Drive. Porém, a versão original para o Amiga ainda é a superior, só sendo ameaçada pelas versões do FM Towns (um computador japonês da Fujitsu) e do Turbografx 16 / Pc Engine (um dos meus consoles preferidos) que vinham em Cd-rom. Shadow of the Beast teve duas continuações que melhoraram bastante o aspecto da jogabilidade e avançou a história de Aarbron, transformando-o em um semi-humano e depois em um humano. No entanto, o impacto realmente só foi significativo no primeiro jogo da série.


Pros:

- Os gráficos são de encher os olhos, principalmente quando se combinam com o efeito de Parallax.

- A trilha sonora da versão do Amiga está as maiores de todos os tempos. No meu site principal eu fiz uma lista das 15 maiores trilhas sonoras da história dos videogames. Dê uma conferida.

- A capa do jogo foi desenhada pelo lendário desenhista Roger Dean, que entre outras qualidades foi o criador das clássicas capas viajantes dos discos do Yes!


Contras:

- O jogo é praticamente impossível. Concordo que muitos jogos de plataforma da época eram bem difíceis até para fazer o seu dinheiro valer a pena, pois os programas eram menores e a duração do jogo também. Porém, Shadow of the Beast extrapola. Faltou um equilíbrio melhor na jogabilidade. A versão do Mega Drive, a que eu inutilmente alugava quase todo final de semana para "zerar" é ainda mais insana de difícil.


Rating: 7/10



domingo, 26 de julho de 2009

C64 - The Last Ninja (1987)




C64 - The Last Ninja (1987)


Estilo: Aventura / Ação Isométrica

Plataforma principal: Commodore 64

Empresa: System 3

Programado por: John Twiddy e Mark Cale

Música: Ben Daglish e Anthony Lees


Nunca escondi, que apesar de ter tido praticamente todos os consoles e computadores desde o Atari 2600, a minha plataforma preferida de jogos foi e sempre será o Commodore 64. Um dos grandes momentos das história do C64 foi o lançamento de The Last Ninja em 1987, um game que causou forte impacto na época.


The Last Ninja conta a história de Armakuni, um ninja, que busca vingança contra o Shogun (senhor feudal japonês) Kunitoki. O Shogun, desejoso do conhecimento dos ninjas, aproveitou uma peregrinação feita por estes guerreiros para a ilha de Lin Fen onde iriam prestar respeito ao templo do Ninja Branco, para assasiná-los traiçoeiramente. Armakuni, o único que não havia partido para a viagem, e agora o último ninja, parte para a fortaleza situada na ilha em busca de um conflito de sangue e honra.


O game vendeu mais de 4 milhões de cópias, algo absurdo para a época, e foi portado para diversas plataformas, tendo duas sequências, The Last Ninja 2, situado na Nova York atual (!?) e considerado por muitos o melhor da série, e The Last Ninja 3, no Tibet. O jogo The Last Ninja Remix é um remake do The Last Ninja 2 para os consoles de 8-bits, incluindo o Nes, e é a versão do primeiro jogo para as plataformas de 16-bits, o que causa certa confusão.


The Last Ninja estabeleceu um elevado patamar de qualidade para o C64. Deve-se somar a isso o meu fascínio pela cultura oriental e seu simbolismo, o que mesmo em jogos violentos me traz certa tranquilidade. O jogo continua popular, inclusive presente para compra na loja virtual do Nintendo Wii. Vamos torcer para que uma possível sequência, que chegou a ser iniciada, seja lançada e que repita a qualidade desse clássico retro game.


Pros:

- Excelente atmosfera, dando vida ao mundo oriental. Esse nível de imersão é fundamental para o sucesso de um jogo. O terceiro nível, dos jardins do palácio, é fabuloso.

- Mistura de combate com quebra-cabeça.

- Ótimos gráficos isométricos, fugindo da plataforma tradicional, mais comum.

- Trilha sonora de alto nível, entre as melhores do C64. Havia um rumor de que o excelente músico Ben Daglish teria recebido uma mercedes pelo seu excelente trabalho, mas este boato foi desmentido pelo programador e dono da System 3 Mark Cale.


Contras:

- O maior pecado de toda série The Last Ninja é a dificuldade de controlar o personagem. Os pulos e comandos precisam ser perfeitos, mas é muito difícil calcular onde e quando devemos fazer os movimentos corretos. Isso prejudica em muito a sua apreciação. Várias vezes me dava vontade de quebrar o frágil controle do Commodore pois eu não conseguia atravessar o lago pulando pelas pedras. Maldito lago.

- O sistema de combate é muito primário e também prejudicado pelo controle falho.

- O jogo é bem difícil mesmo e precisa ser mapeado.


Rating: 9/10